sexta-feira, julho 8

Vida de artista

Morar no Rio de Janeiro é bom, certamente, para os famosos e para os artistas. As pessoas estão acostumadas com eles, que já fazem parte da paisagem normal da cidade, podendo passear normalmente por aí.
Importante apenas ver que separei famosos de artistas porque, hoje em dia, para ser famoso, não é necessário ter nada de especial. Apenas aparecer na mídia algumas vezes ou na Globo duas, enquanto artistas especiais, inteligentes e capazes, como Aline OS, LUDOV, Gotan Project, entre outros, são ignorados pela massa. Uns mais, outros menos, mas são ignorados.
Aliás, talvez até por isso que seja tão tranqüilo a vida de famosos hoje em dia. Afinal, se o famoso é apenas famoso, mas é vazio, não tem nada de especial, por que diabos se interessar pelo fato dessa pessoa estar tomando café na mesa ao lado da sua?
Mas, de qualquer forma, mesmo fácil, por vezes o ser humano, só porque é mais capaz que o outro, a ponto de fazer filmes, peças e novelas com maestria, ou mais chato, a ponto de participar de um BBB, tem seus momentos de dificuldade, onde tem que aguentar os fãs ou os curiosos mais, digamos, carentes.
Comigo mesmo já aconteceu duas vezes desde que cheguei ao Rio.

Da primeira vez, estava eu numa livraria em Botafogo, tomando uma cervejinha com Ela, quando reparei um grupo de 4 pessoas na mesa ao lado que não desgrudavam o olho de mim. De repente, duas pessoas se aproximaram da mesa e disse:
- Com licença?
Acenei um sim com a cabeça.
- Você não é aquele ator que está sumido da televisão? Desculpe, mas esqueci seu nome.
Sumido da televisão eu estou, sou e, se os cosmos me ajudar, sempre serei. Mas ator? Tá, a vida nos exige algumas interpretações de vez em quando, mas nada de nível a ser considerado.
- Não. Desculpe. Acho que você está realmente equivocado.
Sem graça, o sujeito se desculpou, voltando à sua mesa. Gerou um burburinho, mas logo amainado.

Essa semana, de novo.
Estava eu na fila do cinema, num shopping qualquer, onde eu e Ela assistiríamos a um lançamento.
De repente, um grupo de adolescentes, todas mulheres, se aproximou.
- Oi! - uma delas disse cheia de animação - Eu sou sua fã. Adorei seu último disco. Tá excelente. E você está tocando como ninguém.
O que?! Eu? Banda? Disco? Tocando? Quase caí na gargalhada, mas apenas abri um sorriso, rindo da situação.
- Me dá um autógrafo?
Olhei pra Ela, como quem compartilha, no olhar, um pensamento qualquer.
- Claro! Onde?
Claro que Ela arregalou os olhos, enquanto ela pegava um papel em sua bolsa.
- Aqui.
- Qual seu nome?
Assinei qualquer coisa e devolvi o papel sem conseguir tirar dos lábios aquele sorriso de criança que aprontou uma qualquer.
Ao colocar o papel na bolsa, achou sua máquina digital.
- Posso tirar uma foto?
Ih! Complicou!!! Agora foi Ela quem ria da situação.
- Olha, desculpe, mas foto não. Esse negócio de direito de imagem, sabe? A gravadora enche o saco. Fora que meu agente acha arriscado ficar tirando foto por aí. Vai saber, né? Depois aparece numa revista de fofoca...
- Tudo bem. Desculpe. - vi decepção nos olhos delas - Mas muito obrigada pelo autógrafo. - e foi embora
Será que ela vai voltar a comprar um CD meu?


Obs.: O texto acima é um texto fictício. Nunca fui confundido com artista algum aqui no Rio.

2 comentários:

  1. Sugestão: se você tirar a observação do final vai ficar muito mais legal :) Boa semana pra vc!

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  2. É. Eu sei. Mas alguns amigos e Ela podiam me julgar mal. É aquele negócio: Nada é seu a partir do momento em que você o publica, pois se torna público e aí vc perde a mão. Esse blog não é diferente. É pobre, feinho e mirrado. Mas nem assim ele continua sendo meu. Então, preciso justificar algumas coisas...
    ;O)

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