sexta-feira, abril 7

Morri

É isso mesmo! Não se assustem, fiquem calmos. Mas eu realmente morri. E não foi hoje, ontem, nem nada. Já faz um tempo que morri.
Morri tranqüilamente, em paz. Morri bem. Morri mortinho. Morri.
Foi por isso que sumi, que não apareço mais em lugar nenhum, em blog nenhum e, principalmente, por isso que não tenho atualizado esse blog aqui.
Quer dizer, na verdade, não tenho aparecido em lugar nenhum, seja virtual como metafisicamente, não porque eu efetivamente estava, ou melhor, estou morto. E sim porque uma série de fatores pos-morten me impediam de conseguir, efetivamente, aparecer.
Num primeiro momento, eu estava numa fase difícil de definições, com os donos do pos-morten, para saber, finalmente, onde eu iria descansar em paz, ou não descansar nunca, ou o que efetivamente fariam comigo. Essa fase foi a mais complicada. Eu não podia aparecer nem em terreiros de Umbanda ou ritos espíritas para me fazer ouvir pelas bandas daí, da Terra.
Bom, saibam vocês que já tenho um lugar definido, mas não posso revelar (essa foi uma das condições, que vocês lerão mais para frente, para que eu voltasse aqui para esse blog).
Depois de definido um local de permanecia eterna, tive que colocar em prática toda a capacidade política que obtive quando vivo, para conseguir autorização Superior para acesso, navegação e atualização de páginas da Internet terrena. Entendeu? Eu lutei como um louco pelos lados do Eterno para conseguir a permissão especial Superior de acesso a Internet. E não foi nada fácil.
Quando eu finalmente consegui a autorização Superior especial de acesso à Internet, ela, a autorização, veio seguida de uma série de exigências. Entre elas, estão a de eu não revelar, afinal, onde exatamente estou, como exatamente é, blá, blá, blá. Por isso, religiosos ávidos em saber, afinal, em qual das muitas teorias pos-morten está fincada a verdade, esqueçam. Não posso dizer se virei cachorro, porco, se voltei com outro nome, em outro corpo, como bebê, dentro de outra família, se estou em algum limbo, paraíso, inferno... Aliás, existe paraíso ou inferno? Querem saber? Pois não conto. Não adianta insistir, que não conto. Vai morrer curioso, literalmente, em relação a esse assunto. E nem adianta tentar usar de astúcia, alegar que se estou acessando a Internet é porque não voltei para a Terra, logo estou ou em algum tipo de inferno ou em algum tipo de paraíso, que essa teoria eu derrubo já! Veja, quem garante a vocês que eu não voltei à Terra e consegui a tal licença especial (que justamente por isso foi tão árdua de se obter) para que eu pudesse voltar a um plano místico qualquer, enquanto meu corpo esteja dormindo, para conseguir esse acesso?
Bom, deixemos isso de lado e vamos a resto da história.
Como eu dizia, finalmente consegui a tal autorização Superior especial. Tudo muito lindo, tudo muito maravilhoso, não? Não. Porque, ser Superior!, de que me adianta um bendita ou maldita autorização de acesso à Internet ser por esses lados de cá não há, pasmem, nenhuma Lan House. Nenhuma! Acredita? Pois é.
A minha sorte é que, quando vivo, obtive consecimentos básicos sobre informática, suficientes para me permitir montar, claro, sempre com a tal autorização Superior especial, uma rede de computadores conectados à Internet.
E cá estou, agora, um pouco mais feliz, conectado à Internet, nessa mini Lan House gratuita que montei aqui, sentado, creiam vocês ou não, exatamente entre Jesus e Alá, que acessam coisas que não fui autorizado a revelar. Buddha não quis saber desse negócio de Internet e Belzebu está como criança, de tão feliz com a novidade.
Pois então é isso. Sumi, mas tive lá meus motivos, como podem ver. Mas agora a coisa promete melhorar e minhas visitas podem voltar a ser freqüentes.
Mas agora tenho que ir. Meu tempo de conexão está acabando e não posso tardar mais.
Nos falamos por aí.


Ah, quando ao livro do Zé, das Intermitencias da Morte...
Fica para a próxima. Meu tempo acabou.