domingo, outubro 30

Que feio, Grande Irmão!

É. O Grande Irmão, na verdade, é o eterno caçula, e não o mais velho e experiente, como seu codinome supõe.
Então, tal qual o pai, cansado das artimanhas do crianção bobalhão e ainda mais cansado de ver os demais pais apontar seu filho como uma criança muito mal-educada, a ONU me vem com essa:
ONU exige que EUA deixem controle da internet

O que o Estadão não diz na reportagem, pessoal é que era para rir.

Você riu? Eu ri. Ri bastante.
Uma bela piada da ONU.

sábado, outubro 29

Erismar Rodrigues Moreira expõe a Polícia e a mídia

Madrugada de Sábado, dia 29/10/05. Graças a uma operação bem calculada, chamada de Cavalo de Tróia, a Polícia Civil carioca encurrala um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro dentro de seu próprio habitat. Ele resiste à prisão. Acontece, então, um tenso tiroteio que culmina na morte de Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi.
A morte de Bem-Te-Vi, chefão do trafego da Rocinha, é comemorada pela polícia e pela mídia.

Porém, o que a mídia não quer mostrar é que o evento, no fim, serviu para expor negativamente a operação policial carioca (e brasileira, como todo). Com o episódio, ficou claro que com um pouco de inteligência, uma boa dose de coragem e boa vontade, a polícia carioca teria condições plenas de dominar a bandidagem que assola o Rio de Janeiro. A morte de Bem-Te-Vi, o belo tiro pela culatra dado pela polícia – diz que a polícia ou não é tão inteligente ou, o que seria muito pior, não tem coragem nem boa vontade para lutar como deveria contra o crime.
E a mídia, ao se calar ante o óbvio, com medo de expor a falência da polícia, o que assustaria a população, preferindo se portar como um álibi dessa falência, dessa incompetência policial, acaba se tornando ainda mais culpada do que a própria polícia.

sexta-feira, outubro 28

E agora, José?

Não. Antes da austríaca Elfriede Jelinek (cujo nome eu ainda tento falar corretamente), que ganhou o Nobel de Literatura ano passado, o Nobel não era ganho por qualquer um. Geralmente o vencedor, ou melhor, o escolhido era alguém para quem realmente todos tiravam o chapéu, cujos livros você lia com um prazer quase que sexual (como diria meu tio-avô Jaime). José é um desses.

Leia a matéria
aqui. Ela fala sobre o lançamento do novo livro de José, "As Intermitências da Morte", ontem no SESC Pinheiros. Se você gosta tanto de literatura quanto eu, então você está se coçando todo, com brotoejas até, de tanta vontade de ler o livro. Acertei?

quinta-feira, outubro 27

Solidão

Trabalho em um escritório onde ninguém conversa com ninguém. É um bando de jovens bitolados, funcionários desalmados, desestimulados. É, acima de tudo, um bando de retardados, debilóides. Não conseguem manter uma conversação decente, inteligível, com qualquer outro ser humano, nem mesmo da mesma espécie que eles.
Minha esposa sofreu aquilo que hoje chamam de AVC, mas que na época dela chamávamos de derrame cerebral. Dói. Dói fundo na alma vê-la no estado semi vegetativo em que está. Está incomunicável. Ninguém a compreende e tenho severas dúvidas sobre o quanto ela ainda compreende do mundo externo. Vive numa cama e só se movimenta através de cadeira-de-rodas.
Meus filhos mudaram-se há tempos. O mais velho se casou há três anos e foi ter com a sua senhora em algum lugar qualquer, longe dos pais, lá em Rio Grande do Sul. A mais nova mora com uma amiga, aqui em São Paulo mesmo, porém perto do Horto Florestal, há cinqüenta quilômetros de casa.
Ele, estou quase esquecendo seu rosto. Ela vem visitar a mãe a cada mês, quando muito.
É incrível dizer que eu me sinto só, se todos os dias eu sento em frente a um computador conectado na Internet. Quer dizer, estou, indiretamente, sentado em frente a seiscentos milhões de pessoas e, além de não ser capaz de me comunicar com ninguém, pois nunca aprendi direito a usar a Internet, ainda me sinto completamente só.
Alguém sabe o que é se sentir sozinho? Eu me sinto. Mas meus filhos não compreendem. Acham que por eu estar velho, ou pelo simples fato de ser bem mais velho que eles, deveria estar acostumado com o sofrimento e com a solidão. Não estou. Quem está?
Infelizmente eles aprenderão da forma mais dura, que um ser humano nunca se acostuma com a dor de ser só.

quarta-feira, outubro 26

O começo


Se você gosta de rock e um pedaço de sua adolescência aconteceu em um pedaço qualquer dos anos 90, então sua perna também está bamba...


O desenho acima é do Emek - www.emek.net.

terça-feira, outubro 25

Madrugada em sonho

Três horas e vinte e quatro minutos, gritava o enorme relógio aos fundos. Mesmo antes de entrar, eu a vi.
Larguei a noite escura lá fora.
Lá dentro, além do relógio e além de um sujeito atrás do velho e sujo balcão, tinham três pessoas.
O de trás do balcão, sentado numa banqueta, ou em qualquer coisa parecida, tentava cochilar. Olhos cerrados, as costas apoiadas no encosto da cadeira, braços cruzados a altura do peito, cabeça caída para frente, alheio ao movimento do bar.
No centro do bar, dois amigos, à mesa, sentados um de frente para o outro, poucas e mansas palavras, deixavam a cerveja esquentar no copo enquanto criavam coragem para comer um qualquer coisa que parecia recém saído do inferno.
Por fim, ao fundo do bar, no canto, aquilo que mais me chamara atenção, que me motivara a entrar. Sentada só, despenteada como que recém acordada, maquiagem borrada como um palhaço chorão, uma mulher, nem bonita, nem feia, com negras raízes do cabelo entregando o falso alouramento, olhava fixamente o cigarro repousado no cinzeiro queimar lentamente, como se não fosse com ela. Uma das mãos segurava uma xícara e a outra apoiava a cabeça, que parecia pesar como uma bola de boliche. Apenas quando me aproximei percebi que usava saia nem tão comprida e, sob o grosso casaco marrom, uma blusinha branca sem sutiã.
Sentei-me a sua frente, sem lhe pedir licença. Ela não levantou os olhos.
Calmamente, peguei o cigarro do cinzeiro e o levei à minha boca. Ela acompanhou o movimento com os olhos. Dei um trago forte e lento, saboreando o tabaco, e o devolvi ao cinzeiro, devolvendo o olhar dela ao cinzeiro também. Retirei a xícara de sua mão sem que ela oferecesse resistência, senão um desvio de olhar, do cigarro para a xícara. O café estava frio.
- Joe! Traga um pouco de café quente! - gritei para o sonolento rapaz atrás do balcão, no momento em que ela devolvia o olhar para o cigarro.
O zumbi-sonolento, cujo nome eu nem qual era, trocou a xícara com café frio pela com café bem quente. Ela olhou a xícara, pegou e deu um gole que até eu, de fora, senti aquecer seu corpo.
Tirei meu maço de cigarros do bolso, conferi. Quatro cigarros. Joguei-o sobre a mesa. Ela viu, mas não olhou.
Levantei e sai, voltando para a escuridão anonimizadora, sem trocar um olhar com ela, para nunca mais vê-la.

Ditadura inacaba

Hoje, na Folha de S. Paulo, Frei Betto, um dos maiores ideólogos desse país, na minha opinião, por se manter sempre fiel as suas origens filosóficas, explana:

"Em um mundo que gasta, por ano, cerca de US$ 1 trilhão em produtos bélicos e menos de 10% disso em cooperação internacional, Herzog interpela os nossos valores."

Corra na banca, pois, infelizmente,
na Internet, só para assinantes.

segunda-feira, outubro 24

Dias Felizes

Sim, eles existem. Estão guardados em uma caixinha com cadeado, que fica a mão, pois eu os visito constantemente.

E os seus dias felizes, onde guarda?

Eu tenho um que guardei, de egoista, só para mim. E aí o egoísmo estava gritanto tanto no meu ouvido, que estou abrindo a caixinha para vocês.

Há tempos que achei esse blog:
http://last-tapes.blogspot.com/. O nome oficial dele é Dias Felizes. Qualquer psicólogo de esquina acharia fácil o porquê eu guardei esse Dias Felizes só para mim.
O blog é uma verdadeira pintura. Aconchegante. Uma beleza, do casal (casal?) Cristina M. Fernandes e Rui Manuel Amaral.

Acessem.

Da última vez que fui lá achei algo curioso e descobri isso, olha:


My blog is worth $2,822.70.
How much is your blog worth?

Von Trier x 29ª Mostra

Hoje tem Lars Von Trier na Mostra.
Hoje, dia 24/10, às 22hs, no Reserva Cultural, tem "Manderlay", continuação do excelente "Dogville".

O cara é gênio:
- Ele que lançou a semi-Deusa Björk no cinema;
- "Dançando no Escuro", claro é dele;
- O maravilhoso movimento Dogma'95, que rendeu o irretocável "Festa de Família", foi idealizado por ele;
- Dogville, como já dito acima, é obra dele.

Merece ser prestigiado, blá, blá, blá, blá.
Mas, na Mostra?

Pensem que "Manderlay" certamente estreará em circuito.
Então, eu lhes permito deixar de ver "Manderlay" na Mostra para ver outras pérolas imperdíveis.

Não!

A vitória do NÃO demostra que o povo brasieiro está realmente perdendo a inocência.
Depois de ter ido contra o tal "medo" e colocar o Lula lá, o povo foi contra a igreja, foi contra a Globo e está querendo dizer que pensa, que tem opnião e que não acredita mais tanto assim em certas entidades.

Eu estava com medo que a maioria fosse realmente um bando de babacas politicamente corretos, medrosos e pasteurizados.

A pergunta que fica é como os políticos darão com essa nova informação, de que o povo está acordado, a partir de agora?

sábado, outubro 22

Como Confiar?

O conto abaixo, com um texto mais longo que o normalmente os publicados aqui, era para estar num concurso de literatura. Mas como o prazo estava muito em cima e meu tempo muito curto, não consegui organizar meus contos a tempo de participar do concurso.
Uma pena.

O lado bom é que vocês poderão ler o conto agora, com exclusividade. Só vocês.
Boa sorte!


Como Confiar?

Nunca acreditei nela. Nunca confiei. Como eu iria confiar em uma mulher como ela, que se dá assim, tão facilmente, para um sujeito que acaba de conhecer? Como confiar numa mulher assim? Pior ainda, saibam, ela se deu para um homem, eu no caso, dezoito anos mais velho que ela! Ela tem apenas vinte e três. Eu, quarenta e um. Como confiar numa mulher tão nova, de outra geração? Como? Eu não sei como. Nunca soube. Por isso mesmo não confio. Por isso nunca confiei.
Ela, claro, como todas o fazem, vive dizendo que me ama. Diz amar demais. Diz que foi amor à primeira vista. Como acreditar? Como acreditar numa mulher da geração dela? Como, se essas meninas, eu bem sei, não querem nada da vida, são umas irresponsáveis mentirosas? Não sabem o verdadeiro significado do amor. Não sabem!
Ontem, como faz todas as quintas-feiras, ela saiu com as amigas para um bar. Somente mulheres. Somente elas. Elas, as mesmas amigas que saíram juntas, há cinco meses atrás, quando nos conhecemos. As mesmas, desculpem-me pela expressão, putas. Dizem que saem somente para colocar os assuntos em dia, as fofocas, sabem? Sabem? Pois eu não sei. Não sei, nunca entendi, afinal, por que diabos elas têm de sair só, sem homens. Quer dizer, nunca acreditei isso sim! Nunca!
Sabem, no dia em que nos conhecemos, estavam elas no mesmo bar em que foram ontem. No mesmo bar em que vão sempre. No mesmo bar! As mesmas mulheres, as mesmas amigas, as mesmas, desculpe, putas, no mesmo bar! E ela quer que eu acredite que saem somente para colocar as tais fofocas em dia. Ah, caralho, como? Ela deve me julgar um trouxa, isso sim! (Sei que sim). Como acreditar que ficam mesmo apenas nas tais fofocas, se no dia em que nos conhecemos, eu e Marcos, um amigo, estávamos no tal bar, sentados na mesa ao lado da delas, que falavam sem parar e disparavam olhares a todas as direções - principalmente à nossa mesa – quando eu finalmente levantei e fui até elas com uma garrafa de cerveja, para encher os copos vazios que estavam sobre a mesa delas, já puxando uma cadeira, sentando-me ao lado dela, exatamente ao lado dela, pois era ela, a puta-mor, quem não tirava os olhos da mesa onde eu estava, e sai de lá com ela no meu carro, direto para a casa dela, onde transamos a noite toda e, claro, sem camisinha? Afinal, só pode ser puta. Desculpe-me, mas é a verdade. Como acreditar que ficam nas fofocas apenas?
Por isso, e por outras coisas mais, que não confio, nunca confiei e nunca confiarei, mesmo estando ao seu lado quase todos os dias. Como acreditar no que ela diz fazer quando não estamos juntos? O que, afinal, garante a mim que ela não está mentindo desavergonhadamente? Nada, não? Sei que não há nada. Não sei nem mesmo por que, porra, fico aqui remoendo, perguntando, insistindo.
Vejam só o que direi a seguir e digam se é possível confiar numa mulher dessas:
Semana passada. Sexta-feira à noite. No relógio, dez e meia. Eu, em casa, sozinho, nada para fazer. Ela, teoricamente, em casa, teoricamente sozinha e, teoricamente, nada para fazer. Eu assistia a um filme que havia pegado na locadora e que acabara de acabar. Ela, importante dizer, mora só. Finado o filme, solidão, nada pra fazer, peguei o telefone de casa e liguei para a casa dela. Seis toques, nenhum atendimento. Já fiquei puto da vida, imagem. Afinal, ela, teoricamente, estava em casa fazendo nada, certo? Então, cacete, por que, diabos, ela não me atendeu? Eu, já completamente emputecido e certo de que estava sendo enganado, de que me fazia de trouxa na cara dura, resolvi ligar no celular. Somente no quinto toque, repito, somente no quinto toque ela me atendeu! E arfava, a vagabunda! E havia um barulho de trânsito, ao fundo. Puta! Onde estava?
- Oi.
- Oi! Onde você está? – Já disse, sabem, daquele jeito em que as salivas acumulam nos cantos da boca.
- Ué, em casa. – Ela tentou parecer furtiva.
- Sério? – Fui irônico – Pois olha que curioso: acabo de ligar na sua casa e você não atendeu.
- Ah, desculpe. É que acabo de sair do banho.
- E arfa por quê? Cansada?
- Desci as escadas correndo para pegar meu celular. Quer ligar em casa?
- Não, deixa. – Disse eu puto e burro, tomando pela raiva, que não me permitiu pensar direito – Só queria saber se está tudo bem.
Olhem como fui burro. Se naquele momento eu tivesse ligado em sua casa, teria pego, descoberto sua mentira. Ela blefou. Apostou alto. Percebeu que eu estava uma pilha e arriscou todas suas fichas. Eu, burro e cagão, cedi a ela a vitória. A vaca me conhece. Sabe me ludibriar. Sabe me testar e sabe quando e quanto pode apostar.
- ‘Tá em casa?
- ‘Tou! Já não disse?
- ‘Tá sozinho?
- Claro, né?
- Vem pra cá.
- Não. ‘Tô cansado e amanhã devo acordar cedo.
- Que pena. Queria te ver hoje. Estou com saudade.
- É. Pena mesmo. Mas hoje não dá. Escuta, vem cá, esse barulho de trânsito... Onde você realmente está? – Enfatizei o realmente.
- Em casa, já disse! – Ela alterou o tom. Parecia puta. Truque. Estava revertendo o jogo. Vaca!
- Você sabe muito bem que em casa meu celular não dá sinal. Só aqui na janela, não sabe?
- ‘Tá bom, ta bom! Deixa pra lá. Amanhã a gente se fala.
- Tchau. - Ela foi seca.
Desliguei sem me despedir. Vaca. Puta! Sabe me enrolar. Tenho certeza que em casa ela não estava. Eu devia pegar o carro e ir até a casa dela para pegá-la no pulo. Aquela puta!
Mas não consegui. Puta! Eu estava sem saco para ela, sem saco para isso. Puta!
Naquela noite demorei a dormir. Tanto pior para mim, que tinha que acordar cedo. Tudo pela puta! Não fosse ela, teria dormido cedo, eu sei. Mas, não. Dia seguinte, acordei cedo e fui, morrendo de sono, buscar a Angélica, minha esposa, e o Henrique, meu filho, no aeroporto. Eles voltavam de Goiânia, onde ficaram uma semana.
E graças aquela puta, passei o Sábado sonolento.
Como vou confiar nela?


Presente

O “Beck em palavras” ganhou, de uma Santa, em pessoa, um belíssimo presente pelo seu aniversário de 1 ano.
O problema é que, por isso, ele, o blog, ficou todo cheio de pompa, metido, orgulhoso, exibido e chato. Chato demais, a ponto de não me deixar publicar nada aqui ontem.
Mas acho que agora ele já melhorou.
Então gostaria de deixar aqui, registrado publicamente, um enorme agradecimento à
Santa pelo belíssimo presente.

Valeu, Santa!

quinta-feira, outubro 20

1º ano

Hoje o Beck em palavras completa 1 ano.
O que isso quer dizer, ainda não sei, mas, mesmo assim, fica aqui registrada a informação

Um pensamento

A filosofia é útil para organizar as informações do mundo. Mas ela não é a solução para os problemas, como anunciam os livros de auto-ajuda. Você também pode transformar seu mundo ao ler um romance, assistir um bom filme ou até mesmo conversar com alguém interessante.
Gilles Lipovetsky, sociólogo francês, criador do termo "hipermodernidade" e um dos mais importantes teóricos da modernidade e da pós-modernidade.

quarta-feira, outubro 19

Novo Bob Marley

Então a tal faixa desconhecida do mestre Marley, Slogans, que foi encontrada por seus filhos há dois anos, será finalmente lançada ao público?
Bom.
Mas nem tanto.
Bom porque o Mestre era um Mestre, um gênio, e música dele é sempre bem vinda.
Mas nem tanto porque, oras, a faixa foi reproduzida, o Semi-Deus das guitarras Eric Clapton colocou sua mão na música, etc, etc. Então, o que teremos na verdade, não será uma nova música do Bob Marley e só. Será uma nova música do Bob, do Ziggy e do Eric Clapton.
Outro ponto negativo é que a música aparecerá numa nova (mais uma?) compilação dos grandes sucessos do Bob Marley, misturadas a algumas das primeiras gravações dele (coisas que já tenho todas).

Nesses casos, sempre ronda em mim a dúvida: o quanto da essência do Bob Marley foi mantida?
Bom, veremos. É só aguardar até 8/11 ou "Kazaar" por aí.

terça-feira, outubro 18

Absurdo

Existe uma ONG chamada Transparência Internacional, com sede em Berlin, mas atuante no mundo inteiro.
O objetivo da ONG é, basicamente, combater a corrupção no mundo.
Anualmente, o pessoal da
Transparência Internacional divulga, através de um relatório, o Índice de Percepção da Corrupção.
Esse ano, em uma escala de 0 a 10 (sendo, claro, o 10 a melhor nota), o Brasil tirou 3,7, ficando em 63º entre os países mais (Islândia é o menos corrupto do mundo e em segundo, empatados, estão Finlândia e Nova Zelândia). Ou seja, em relação a ultima divulgação, acreditem ou não, o Brasil perdeu pontos.
Agora eu pergunto: baseado em que, afinal, o Brasil perdeu pontos?! Há corrupção no Brasil?! Que absurdo! Como pode uma ONG lá de Berlin falar para o mundo que o Brasil está ainda mais corrupto?! Tá, se estivéssemos vivendo crise política, com CPIs, etc, tudo bem. Mas tá tudo tão calmo, tão tranquilo....

Mas, o que muito me admirou mesmo foi o Brasil ainda não ter tirado zero. Isso foi um espanto. Outro espanto foi saber que países como Polônia, China, Argentina e Rússia estarem bem pior que o Brasil, no ranking.

Dicas Musicais

- Saiu o novo disco de uma das melhores bandas desse país. Eu falo do Nação Zumbi. O nome do disco é Futura. E como todo trabalho vindo deles, vale a pena. Se você é fã de psicodelia. Se você é fã da guitarra mágica de Lúcio Maia. Se você é fã de rock. Se você é fã de eletrônico. Se é fã de maracatu. Ou, e principalmente, se você é fã de música.

- Sexta à noite. Você em casa namorando (não disse transando, hein!). Vocês dois no sofá, abraçados, só curtindo um ao outro, ouvindo a respiração do outro. Olhos fechados. A televisão está desligada. O mundo pode acabar, certo? Não! Não se toda essa cena não tiver a trilha sonora perfeita. E a trilha sonora perfeita tem que ter a voz dela, Ella. Ella Fitzgerald. E tem que ter a voz dele, o trompete dele. Louis Armstrong.
São duas opções. A primeira é For Lovers, uma coletânea só com as músicas românticas desses dois mestres do Jazz, retiradas dos 3 discos que gravaram juntos. A segunda opção, caso seu bolso esteja com saúde, é The Complete Ella Fitzgerald & Louis Armstrong on Verve, o box com esse três CDs.

- Se, para você, música tem que transgredir, tem que ousar, tem que ter atitude, mas também tem que ter qualidade. Se você gosta de rock, mas também gosta de eletrônico bem feito, prepare-se! Já pode ser reservado em algumas lojas o, FINALMENTE, primeiro CD oficial da power banda paulista Cansei de Ser Sexy. O disco chama CSS. Para tocar naquele dia em que você receber amigos em casa, para uma festa, regada a muita cerveja.

- Nada? Não gostou de nada? Então você deve gostar do Poetinha, não? Está saindo em breve o documentário "Vinicius de Moraes: Quem Pagará o Enterro e as Flores Se Eu Me Morrer de Amores". Fique atento para as programações das salas de exibição da sua cidade e reze para ver. Mas, antes disso, o que você pode fazer é saborear o encontro da poesia de Vinícius com grandes nomes da música nacional (Chico, Bethânia, Francis Hime, Toquinho...), incluindo aí a nova geração, como o gênio Yamandú ou como a ótima Mônica Salmaso. Nota triste para o CD é a participação do mala-mor da música nacional, Caê (fazer o quê? Nem tudo é perfeito...).

- Agora, se você esperava ler sobre os novos disco de KLB, J. Quest, Charlie Brown Jr. e afins, blog errado, caro(a). Procure outra coisa para fazer na vida.

segunda-feira, outubro 17

Dependência

Ela chega em casa. Semana corrida, trabalho exaustivo, cansaço grande. Abre uma cerveja para relaxar.
O barulho do chuveiro: "ele está no banho". Senta-se no sofá.
Sobre a televisão, uma sacola da locadora. Torce para que seja um filme bom, mas não quer levantar para conferir.
Fecha os olhos.
O barulho do chuveiro pára. Tempo depois, a porta do banheiro abre.
- Oi.
- Oi.
- Chegou faz tempo?
- Há pouco.
- Cansada?
- Muito.
- Passei na locarora.
- É. Vi.
- "Igual a Tudo na Vida"
- Que bom.
Ela realmente gostou. Não gostou foi de vê-lo sair do banheiro molhado e descalço, molhando a casa.
Então, discutem. Ela cansou dele, das manias dele, de vê-lo fazer coisas que são realmente insuportáveis.
Ela percebe que não gosta mais dele. Percebe que nunca gostou. Questiona-se o que faz com ele, afinal?
Pensa nas amigas solteiras.
Pensa nos amigos solteiros e eles não a animam.
Percebe que não aguentaria ficar só. "Melhor com ele do que só."
Um rápido esforço e revê nele as qualidades que a fez ficar com ele.
Ela então se conforma. Levanta-se. Vai até o quarto e o abraça.

Pedidos de desculpas dos dois lados.

Dormiu durante o filme. Mas tudo bem. Importante é que ela o tinha.

domingo, outubro 16

Referendo

Ontem me disseram que meu blog estava em cima do muro quanto ao referendo.
Realmente, não havia colocado minha opinão aqui.
E não o havia feito pois acho o referendo uma grande palhaçada com a população. Um rio de dinheiro gasto a toa, para algo que não serve para nada e que não resolverá o problema.

Mas eu não estou em cima do muro.
Voto em NÃO.

Quer entender melhor porquê?
O excelente Blog dos Ventos fez uma proposta interessante, visando apenas a reflexão. Eu fui atrás, pois sabia que iria apenas coroborras meus argumentos em relação ao NÃO.
Entãoa, vejam vocês:
- Sabiam que hoje há 65 milhões de armas de fogo registradas (legais) em mãos de civis nos EUA (nação mais "doente" no mundo) e 5,5 milhões registradas (legais) em mãos de civis no Brasil (fonte: VivaRio) e que, ainda assim, o Brasil é o país que mais tem mortes por arma de fogo em todo o mundo (fonte: Bismael B. Moraes, defendendo o SIM na Tribuna do Direito)?
- Vc sabia que o país com o maior número de arma de fogo per capita é a Suiça, um dos países com o menor número de mortes por arma de fogo?

Agora, respondam a seguinte pergunta: de acordo com os números apresentados acima, onde mesmo os EUA tendo muito mais armas que o Brasil e ainda assim sermos os maiores assassinos do planeta, como acreditar que simplesmente diminuir o número de armas de fogo irá melhorar o quadro?

Por isso que digo: se quisermos diminuir o número de mortes por arma de fogo, vamos lutar e brigar para sanarmos o principal fator de combustão: a fome e a desigualdade social, ao invés de ficarmos de braços cruzados para isso, votando em referendo, acreditando que isso resolverá algo.

E, para rir um pouco: "Descobri que a arma legal alimenta os bandidos. Todas aquelas AR-15, AK-47, granadas e bazucas que os traficantes do Rio usam foram roubadas de cidadãos honestos que compraram as armas legalmente. Da minha casa mesmo, por exemplo. Ano passado me roubaram quatro mísseis stinger" (não achei o autor)

sábado, outubro 15

CDs

Lista de CDs, ao lado, atualizada.

A curiosidade ficou por conta de que, sem eu perceber, dos 12 CDs, 3 (25%) 2 (pouco mais de 16%) levam o nome da própria banda. Autoreferência ou falta de criatividade? Aposto no primeiro.

Valeu, Dani, pela correção!

Arte e Saúde

Qualquer um que gosta de alguma forma de arte (lembrando que, em minha opnião, quanto mais expandida e poética sua alma, mais facilidade tem de se achar arte, podendo achar arte até em um blog), gosta de admirá-la.
E, se gosta, esse momento de contemplação, de admiração, é único. Distrai, relaxa, acalma, alivia o stress, entre outras coisas boas.
Eu disse uma vez que
consigo meditar ouvindo música.
E todo mundo que gosta de arte sabe disso, sabe que a arte é saudável, principalmente para a alma.
Então qual a surpresa se agora um estudo diz que
falar de arte faz bem à pressão e à digestão?
Só se for para criticar. Afinal, além de chover no molhado, gastar $$ de pesquisa com algo que qualquer criança sabe, ainda sai um trabalho incompleto que considera apenas como arte, pinturas e esculturas.

Eu devia ser cientista. Fácil ganhar dinheiro assim, não?

quinta-feira, outubro 13

Link em Flash 1 - Cores

Pra que serve o azul? A que tipo de ação/ movimento o amarelho está associado? Que emoção o púpura indica?
Dificil definir isso, não?

Mas a espanhola Maria Claudia Cortes nos mostra algumas definições, de forma até que divertida, em Flash, sobre o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o azul e o púrpura.



Acesse o
site dela, e dê uma olhada.
Para uma tarde assim, de sol, sem ter o que fazer, quando não se quer pensar....

Dá pra gastar a tarde inteira.

Link em Flash 2 - Kunf Fu

Você gostou muito das sequências de luta de Matrix?
Pirou com a coreografia de O Tigre e o Dragão?

Achou Tarantino um gênio pelas lutas de Kill Bill?
Quer relaxar a vista vendo alguns filminhos com coreografias no "mesmo nível" (tá, é quase lá), mas com desenhos infantis de bonecos?

Precisa conhecer o Xiao Xiao.



Faz um tempo que o site oficial, xiaoxiaomovie.com, saiu do ar.
Mas ainda é possível ver as lutas por aí.
Um bom lugar é no
Stick Page. São oito "filmes" e um joguinho besta. Vale pelos filmes.

Chame a criançada!

Link em Flash 3 - Humor negro

Assistia Gordo a Go-Go, na MTV? Então você lembra de um desenho animado que o João exibia. Lembra sim! Era um desenho fofinho, com personagens fofinhos, musiquinha fofa,mas meio desastrados, que viviam se fudendo e tinha muito sangue. Um morria, outra tinha o olho arrancado. Enfim, tem um contra-ponto, digamos assim.
Pois o negócio é grande.
O nome era Happy Three Friends.



Hoje, eles têm uma série gigantescas de filminhos com os tais desenhos aniomados, o que os rendeu site oficial, onde pode-se, além de, claro, assistir aos pérolas, comprar camisetas ou DVDs

Para quem quebrou o pé, dá para passar os dias vendo até o pé sarar.
E tire as crianças da sala!!

quarta-feira, outubro 12

Mais essa: Cinematerapia

Eu volto, após um ano e meio, a minha velha e boa condição de cinéfilo, e eis que me deparo, do nada, com isso:
"SABE AQUELES MOMENTOS da vida em que o copo parece
sempre meio vazio, as portas se fecham e é difícil enxergar uma luz no fim do
túnel? Antes de recorrer a remédios ou análise, considere: a solução para o
baixo-astral pode estar no cinema ou na locadora mais próximos. Em Cinematerapia
para a alma, as autoras Nancy Peske e Beverly West, duas cinéfilas americanas,
apresentam um guia de 150 sugestões de filmes, entre clássicos e contemporâneos,
para todos os estados de espírito. A idéia é que, ao assistir ao filme certo, o
espectador encontrará aquilo que lhe falta, seja amor, coragem ou
auto-estima.
"
O texto é longo. Mas clique no link e vá lá ver/ ler. É interessante.

Revival com qualidade

Quando criança, eu tinha uma coleção considerável de uns bonecos pequenos, cabeçudos, cujas mãos de todos não tinha dedos e eram, as mãos, semi-cerradas em formato de "U", para que encaixássemos os objetos de forma que parecesse que os bonecos os seguravam.
Além disso, articulações só haviam 3:
- no quadril (de pé e sentado apenas),
- nos braços (pra cima ou para baixo,
- e na cabeça (para esquerda ou para a direita).

O cabelo, que podia ser desencaixado da cabeça (não lembro se havia algum motivo para isso), tinha um formato diferenciado de forma que pudéssemos encaixar coroas, chapéus, bonés e afins.
Até hoje, todos que também o tiverem - ou não, quando lembram de tais bonecos, fazem-no com carinho.
Eu ainda mantenho uma parte de minha coleção guardada em algum lugar da casa de meus pais.

Todos sabem do que falo, não? Sim, Playmobil!!
Pois andei lendo por aí que, devido a abertura de alguma novela global (desculpe, não assisto), o Playbomil será re-lançado no mercado. Pelo menos a onda de revival dos anos 80 ganha um reforço de peso e de qualidade, já que desse revival que tem aparecido por aí só surge merda.

Boa notícia para a criançada (de qualquer idade, claro)

terça-feira, outubro 11

Uma homenagem

A personagem do texto abaixo, chama-se Dani.
Não é por acaso.
Dos leitores desse blog, creiam, 23% tem um pre-nome em comum: Dani (acho que é maior concentração percentual de Danis que há na blogsfera)

Então, Danis, sejam sempre benvenidas.

Cotidiano

Sentado, só de cueca, em frente ao computador, lia o texto original da peça "Happy Days"¹, que recebera, da cunhada, por e-mail.
Mão direita repousando no ratinho branco-morto e perna esquerda, impulsionada pelos pés na ponta dos dedos, balançando, num sobe-desce frenético, que fazia até o monitor chacoalhar.
Seu tronco curvado, como se em Notre-Dame, mantinha os olhos a poucos centímetros do monitor.
A boca roía, pouco a pouco, as unhas e cutículas dos dedos de sua mão esquerda.
Ao lado do teclado, um cigarro queimava solitário e, na caixinha de som do computador, uma voz desafinada cantava "That there, that's not me. I go where I please, I walk through walls, I float down the Liffey. I'm not here. This isn't happening. I'm not here. I'm not here"².
Tirou o dedo dos dentes para pegar o cigarro. Um trago profundo, de olhos fechados. As cinzas caíram sobre o teclado, mas ele não ligou. Devolve o cigarro ao cinzeiro, e o dedo aos dentes.
O relógio marcava três horas.
Daniela acorda para o xixi da madrugada. A cabeça gira, dói, pesa, pressiona, puxa, empurra. Ao se levantar, Daniela chuta uma garrafa de cerveja, já vazia. Não percebe a luz do monitor vindo da sala, e só o vê no computador quando sai do banheiro, em direção a cozinha.
Desfilando pela casa somente de regatinha branca, passa por ele, mas ele não tira os olhos do monitor. Sente ela passar, apenas e só.
Ela abre a geladeira, pega mais uma long neck, que abre com o abridor - nunca conseguiu girar a tampinha. Em uma golada, dada com gosto, vai metade da cerveja que tinha na garrafa, para passar a dor de cabeça, para tirar a secura da boca. Pega outra, para ele, que também é aberta com o abridor, e volta para a sala. Deixa a cerveja dele ao lado do teclado e tira o cigarro do cinzeiro. Dá o trago final do cigarro, apaga no cinzeiro e, calmamente, acende outro. Antes de colocar o cigarro no cinzeiro, dá uma nova tragada, essa mais forte, mais prazerosa.
Ele não esboça nenhuma reação a ela.
Ela passa a mão calmamente nos cabelos dele enquanto dá mais um gole na cerveja. Ele para de balançar a perna por alguns segundos, pega o cigarro do cinzeiro e traga com gosto.
Ao colocar o cigarro novamente no cinzeiro, antes de pegar a garrafa de cerveja, ele abraça a coxa direita dela e a aperta suave e carinhosamente, por poucos segundos. Quando ele a solta, ela já terminou de tomar a cerveja.
Ela então gira o corpo sobre o calcanhar direito e volta para o quarto.
Ainda bêbada, já deitada, ela começa a sentir seu corpo com as mãos. Mãos no peito, na barriga, no clitóris, até que arrisca uma tentativa de masturbação. Mas acaba dormindo antes de gozar.

1 - Peça de Samuel Beckett, escrita em 1961. Nome em português: Dias Felizes.
2 - Trecho da música "How to disappear completely", do Radiohead

+ Cinema

É. O assunto tem me (re)tomado o tempo.
Fazia tempo, desde que o Rio entrou em minha vida, que o cinema não me tomava tanto o tempo.
Eu estava no esqueminha locadora, coisa que, confesso, não é meu forte.

Por que o cinema deu um tempo de mim? Vários fatores. Não importa. O que importa é como o cinema retomou tempo em mim.

Tudo graças ao Festival do Rio.
Com o Festival, voltei a sentir o gostinho de cinema bom, de cinema como arte realmente. E aí, é aquele negócio que o abstêmio não pode ter uma recaída que vai pro saco.
Eu fui.

Então anote aí:

- Você, em SP, a programação da 29ª Mostra de Sampa está rolando. Não perca 2046, continuação torta de Amor a Flor da Pele (filme que assisti no cinema 2x e mais outras 2 em vídeo, poético que só). Eu perdi aqui no Rio. Não comentam a mesma loucura.
- Você, no Rio (tem algum leitor do Rio?), o CCBB está apresentando a mostra Novíssimo Cinema Nórdico, por míseros R$8.
- Tem Eros rodando por aí (alguém falou em Amor a Flor da Pele?). Impagável. Imperdível.
- Aliás, você de SP, não saia do cinema dos Cineclubes. Acredite. Você é um abençoado.

domingo, outubro 9

A melhor amiga

Não a vi entrar, chegar.
Eu ‘tava deitada no sofá, tentando esquecer o calor infernal, só de calcinhas, ouvindo Cordel. Som alto para que eu ouvisse por todos os meus poros. Som alto para que a voz de Deus Lirinha completasse minha alma. Olhos fechados e a cabeça em um lugar ébrio qualquer.
Não ouvi o barulho da porta abrir, ou fechar.
Não a ouvi largando a bolsa na mesa de jantar. Nem a ouvi passando pela sala em direção ao quarto.
Não a ouvi entrar em seu quarto.
Quando ela saiu nua do quarto – acho que ela já saiu do quarto nua - com aquele corpo durinho, também não ouvi. Passos delicados naqueles pezinhos que eu sempre invejei, não ouvi.
Quando ela parou ao meu lado, nua num corpo que faz a praia parar, baseado na boca, nem assim eu sabia que ela estava ali.
Mas de repente o cheiro do haxixe sendo queimado tomou meu nariz, minha mente.
Quando senti sua boca na minha e sua mão em meus seios, sabia que era ela. Só podia ser ela.
Senti sua língua na minha boca enquanto ela abaixava minha calcinha.
Senti seu corpo com minhas mãos, com minhas unhas.
Senti sua boca correndo meu corpo todo.

Nem Alfredo, meu noivo, nem nenhum outro homem. Nunca haviam me chupado tão bem.

Engraçado isso.
A gente divide o apartamento com a melhor amiga, amiga de anos e anos, amiga do colégio, sem nunca imaginar que ela possa ser lésbica ou bi.
A gente divide o apartamento por anos e anos com uma pessoa que, de repente, consegue lhe proporcionar um prazer sem igual.
A gente divide o apartamento por anos e anos, e foi tanto tempo perdido.

Ah, se eu pudesse voltar no tempo, eu mesma já a teria chupado antes. Só para ser chupada tão bem por ela.

Agora posso dizer sem medo: ela é a melhor amiga que eu poderia ter. E sempre a será.

29ª Mostra


O cartaz acima é da da 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conforme divulgou hoje a UOL.
O desenho, infantilizado, como feito por uma criança no caderno escolar quando não agüentava mais estudar, e que remete à nossa infância (não exatamente essa, que vivemos hoje e a qual não parece ter fim), é de Isabela Rossellini, filha de Roberto.

Roberto Rossellini, que ao lado de Felini é um dos maiores presentes que a Itália nos deu em relação a 7ª arte, é o grande homenageado da 29ª Mostra. A homenagem é perfeitamente bem vinda, pois, além de Roberto ter nos dado filmes como “Roma, cidade aberta” (não viu?! Corra na locadora, porra!!), Roberto completaria seu centenário agora, em 2005, caso estivesse vivo.

Tem uma poesia deliciosa no desenho acima, de Isabela.
Um desenho infantilizado que, consciente ou inconsciente, coloca Isabela num papel que vai além aos de colabora da Mostra e de participante de um evento em homenagem a seu pai. Com o desenho acima, Isabela se coloca no papel da pequena e amada filhinha do papai Roberto justamente nesse evento, no centenário de seu api. Uma volta à tenra infância. Uma obra-prima.


A mostra começa dia 21/Outubro, daqui a duas semana e sua programação ainda não foi divulgada.

Espero que eu consiga estar na cidade da garoa em um final de semana qualquer durante a Mostra, que sempre foi um dos meus programas preferidos em S. Paulo.

sábado, outubro 8

Atenção, crianças!

Essa semana, comprei um CD perigoso.
Primeiro por que é um CD que, lançado nesse segundo semestre, andava me incomodando. Incomodava por que eu olhava meus CDs e lá ele não estava. Precisa tê-lo. A qualquer custo. De alguma forma.
Então eu o comprei essa semana.
E ele veio, como eu já esperava com o seguinte selo na capa:


Acontece que todos, sem sacanagem, mas todos os CDs da tal banda vêm com esse selinho, então isso não me impressionou.
O que me impressionou foi que o selo veio, como sempre, errado!
O CD pode até ter conteúdo explícito. E daí? Foda-se!
O selo deveria avisar o seguinte:


Afinal, Deus do céu, o bendito CD, realmente, vicia.

E como vicia.



Ah, quer saber qual o CD, né?
Esse:

(Nine Inch Nails - With Teeth)

sexta-feira, outubro 7

Voltando a infância?

E hoje ainda tem Autoramas no Odisséia. Coisa de doido.
É rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrock na veia. Pena que carioca não gosta de pogar.

:o)

Festival do Rio

Só uma constação que fiquei devendo.
Em relação ao Festival do Rio, ao qual fui na última terça, descobri algo curioso: os filmes mais cultuados pela mídia, indicados como os melhores (10 ou doze), estavam todos com lotação esgotada. Porém TODOS os demais, que a mídia pouco falou, estava com algo em torno de apenas 30% de sua lotação.
Fui muito bom (e tranqüilo) ver o filme bom, com possibilidade de bate-papo com a diretora, atriz e roteirista do mesmo, numa sala grande e vazia.

O que ficou? Ficou que, ao que me parece, carioca cinéfilo só gosta do que está na moda. Filminho comentado por aí, lota, todos querem ver. Filme alternativo e realmente independente (que não tem o menor apoio da mídia local), ninguém se interessa, ninguém vai atrás. Parece que só porque não saiu no Globo ou no JB, não é interessante. Já em S. Paulo costuma ser difícil achar um filme com ingresso para comprar na hora, pior ainda sala vazia.

Ficou também que eu sei de sete pessoas que foram ao festival. Apenas uma dessas pessoas é carioca. O resto, todos de S. Paulo. E olha que trabalho a 10 minutos de seis salas de cinema que estavam exibindo o Festival.

Incrível!

Dois amigos

- E aí, vai almoçar onde?
- Tô pensando em ir no Bella. Topas?
- Tá louco? Olha o Sol?
- E daí? Que merda tem o Sol a ver com isso?
- Pensa, Zé Ruela. Você vai comer o que no Bella?
- Hoje eu tava a fim de mandar uma lasanha.
- Isso. Belo pedido!! A lasanha do Bella é divina. Mas e depois? Com esse calor do cão você acha que consegue trabalhar depois?
- Certamente que não.
- Então. E aí? Vão voltar pra casa para dormir?
- Não é uma má idéia...
- Ah, vá se fuder. Depois eu vou ficar na merda. Tenho um relatório para entregar hoje ao Pedro, até as dezesseis, que ele tem reunião cascuda com a Presidência.
- Eu eu com isso? (disse rindo) Foda-se você e seu chefe. O problema não é o Sol. É que você está fodido de trabalho, certo? (gargalhando)
- Ah, vai tomar no cú!
- Não. Eu vou ao Bella. Bom almoço.
- Viado.
- (gargalhada)
- Ei, hoje a noite tem cerveja no Augustinho.
- Fechado. As dezoito estou lá.
- É. Eu chego lá as dezenove. Tenho que esperar o Pedro voltar da reunião...
- (risadas) Se fodeu!

quinta-feira, outubro 6

Vida Boa

Quer saber de uma coisa?
Hoje eu resolvi falar de algo que não costumo falar. Fazer uma coisa que não costumo fazer.
Mas tem momento, que é difícil evitar.

Existe um grupo de pessoas especiais, com as quais convivo eletronicamente. Eles estão em S. Paulo, eu no Rio.
Mas antes desse convívio eletrônico, houve muito contato diário.
Trabalhávamos na mesma empresa, na mesma equipe (menos 1).

Hoje cada um está numa equipe e alguns não mais na mesma empresa (fora uma pessoa que está de licença Lucas), além do tal 1 que nunca foi da mesma empresa. Mas eles são uma das coisas mais importantes que já conquistei. E conquistei muito. Conquistei respeito, carinho, admiração, amor, amizade. E eles me conquistaram mais ainda.
Sinto que eu os terei, se Deus quiser, por todo um tempo ao longo dessa vida.

São, ao todo, 7 pessoas: Alan, Andreza, Dani, Dirceu, Isamar, Jonas e Kátia (comigo, somos 8). Existem mais pessoas envolvidas aí. Mas essas oito, exclusivamente essas oito, formam um grupo muito forte, muito unido e com um mesmo nível de amor recíproco (a coisa é alta). Nós nos falamos praticamente todo dia. Ou melhor, todo dia. Geralmente, todos juntos. As vezes, não. Mas geralmente sim.

E sempre que reunimos todos, ou quase todos, e trocamos alguns e-mails, caralho, como é divertido. Alivia o stress do dia-a-dia melhor que qualquer coisa.
Eita vidinha boa!!!

quarta-feira, outubro 5

Festival do Rio - As que se mantém sem sonhos

As que se mantém sem sonhos.
"As", no sentido de "Aquelas". Aquelas que se mantém sem sonhos.

Poética frase, não? "As que se mantém sem sonhos"
A frase me ganhou.

Mas afinal, quem seriam elas? Por que se mantém sem sonhos? Qual em vão é tal vida? Que tipo de pessoa não sonha? E por que mulheres, somente mulheres?

A resposta estava em 94 minutos de "película".
Vera Fogwill, atriz, diretora e roteirista do filme, incubiu-se de nos responder todas perguntas através de seu filme. Para quem quisesse, o jovem e competente diretora também responderia após o filme. Nada pessoal, Vera, mas o relógio me disse ser melhor ir pra casa.
Filme forte, dos hermanos argentinos, bem costurado, bem filmado, bem dirigido.
Florência é mãe solteira e completamente junk. Viciada em coca e heroína, vive em depressão, largada e não trabalha. Sua filha de nove anos, Eugênia, é quem segura as pontas da mãe, mas não têm $$ para nada.
A vizinha idosa é solitária, abandonada pelos filhos.
A mãe de Florência, Olga, transfere todo seu projeto de vida, sua frustação e seus sonhos na filha viciada.
O pai de Eugênia nunca trabalhou.

São essas as pessoas que, teoricamente, mantém-se sem sonhos. Mas, na verdade, no fundo, todas têm ao menos um sonho, um grande desejo.

É uma lição.
Lucía Snieg dá um show de interpretação. E "la chica tiene solamente 9 años".

Foi um belo debute no Festival do Rio.

Deve passar na Mostra de SP. Não percam.