terça-feira, outubro 23

A volta

de: Fragmentos


No ônibus fio condutor, ligação direta até o espaço aéreo controlado, mãos trêmulas montam cuidadosamente um grande quebra-cabeças, inicial, criado pela mais virgem-loba entre todas. Pela janela, o canto da menina percebe o amarelo correr em linha reta sob cinzento azul celeste. Preparando-se para partir desta que ainda possui um fio, perdido, de maravilha. Negra, porém, é o maravilhoso fio, desta feita, que vai ficando para trás. Ficando. À caminho da mátria garoa ácida, sentindo o debater das asas de borboletas previamente engolidas, corre contra os mais invencíveis adversários, temporal e atemporal. Volta e ida são um só, de mesmo gosto.

Afunda-se em letras quase desordenadas, este quebra-cabeças único. Mas, ocre, a cabeça não larga. Memórias, pensamentos. São saudades. E saudades, com suas mãos grosseiramente fortes e pesadas, cruelmente lhe esmaga, paulatinamente, coração e pulmão. A morte é certa, iminente. E ao chegar, como esperado, não lhe tira a vida.