As que se mantém sem sonhos.
"As", no sentido de "Aquelas". Aquelas que se mantém sem sonhos.
Poética frase, não? "As que se mantém sem sonhos"
A frase me ganhou.
Mas afinal, quem seriam elas? Por que se mantém sem sonhos? Qual em vão é tal vida? Que tipo de pessoa não sonha? E por que mulheres, somente mulheres?
A resposta estava em 94 minutos de "película".
Vera Fogwill, atriz, diretora e roteirista do filme, incubiu-se de nos responder todas perguntas através de seu filme. Para quem quisesse, o jovem e competente diretora também responderia após o filme. Nada pessoal, Vera, mas o relógio me disse ser melhor ir pra casa.
Filme forte, dos hermanos argentinos, bem costurado, bem filmado, bem dirigido.
Florência é mãe solteira e completamente junk. Viciada em coca e heroína, vive em depressão, largada e não trabalha. Sua filha de nove anos, Eugênia, é quem segura as pontas da mãe, mas não têm $$ para nada.
A vizinha idosa é solitária, abandonada pelos filhos.
A mãe de Florência, Olga, transfere todo seu projeto de vida, sua frustação e seus sonhos na filha viciada.
O pai de Eugênia nunca trabalhou.
São essas as pessoas que, teoricamente, mantém-se sem sonhos. Mas, na verdade, no fundo, todas têm ao menos um sonho, um grande desejo.
É uma lição.
Lucía Snieg dá um show de interpretação. E "la chica tiene solamente 9 años".
Foi um belo debute no Festival do Rio.
Deve passar na Mostra de SP. Não percam.
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