quarta-feira, outubro 5

Festival do Rio - As que se mantém sem sonhos

As que se mantém sem sonhos.
"As", no sentido de "Aquelas". Aquelas que se mantém sem sonhos.

Poética frase, não? "As que se mantém sem sonhos"
A frase me ganhou.

Mas afinal, quem seriam elas? Por que se mantém sem sonhos? Qual em vão é tal vida? Que tipo de pessoa não sonha? E por que mulheres, somente mulheres?

A resposta estava em 94 minutos de "película".
Vera Fogwill, atriz, diretora e roteirista do filme, incubiu-se de nos responder todas perguntas através de seu filme. Para quem quisesse, o jovem e competente diretora também responderia após o filme. Nada pessoal, Vera, mas o relógio me disse ser melhor ir pra casa.
Filme forte, dos hermanos argentinos, bem costurado, bem filmado, bem dirigido.
Florência é mãe solteira e completamente junk. Viciada em coca e heroína, vive em depressão, largada e não trabalha. Sua filha de nove anos, Eugênia, é quem segura as pontas da mãe, mas não têm $$ para nada.
A vizinha idosa é solitária, abandonada pelos filhos.
A mãe de Florência, Olga, transfere todo seu projeto de vida, sua frustação e seus sonhos na filha viciada.
O pai de Eugênia nunca trabalhou.

São essas as pessoas que, teoricamente, mantém-se sem sonhos. Mas, na verdade, no fundo, todas têm ao menos um sonho, um grande desejo.

É uma lição.
Lucía Snieg dá um show de interpretação. E "la chica tiene solamente 9 años".

Foi um belo debute no Festival do Rio.

Deve passar na Mostra de SP. Não percam.

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