segunda-feira, outubro 17

Dependência

Ela chega em casa. Semana corrida, trabalho exaustivo, cansaço grande. Abre uma cerveja para relaxar.
O barulho do chuveiro: "ele está no banho". Senta-se no sofá.
Sobre a televisão, uma sacola da locadora. Torce para que seja um filme bom, mas não quer levantar para conferir.
Fecha os olhos.
O barulho do chuveiro pára. Tempo depois, a porta do banheiro abre.
- Oi.
- Oi.
- Chegou faz tempo?
- Há pouco.
- Cansada?
- Muito.
- Passei na locarora.
- É. Vi.
- "Igual a Tudo na Vida"
- Que bom.
Ela realmente gostou. Não gostou foi de vê-lo sair do banheiro molhado e descalço, molhando a casa.
Então, discutem. Ela cansou dele, das manias dele, de vê-lo fazer coisas que são realmente insuportáveis.
Ela percebe que não gosta mais dele. Percebe que nunca gostou. Questiona-se o que faz com ele, afinal?
Pensa nas amigas solteiras.
Pensa nos amigos solteiros e eles não a animam.
Percebe que não aguentaria ficar só. "Melhor com ele do que só."
Um rápido esforço e revê nele as qualidades que a fez ficar com ele.
Ela então se conforma. Levanta-se. Vai até o quarto e o abraça.

Pedidos de desculpas dos dois lados.

Dormiu durante o filme. Mas tudo bem. Importante é que ela o tinha.

Um comentário:

  1. Nossa que triste isso, viver vida medíocre ainda é pior que viver sozinho.

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