segunda-feira, abril 2

Ferrugens?


O negocio funciona mais ou menos assim: eu tento escrever algo para alguém tentar ler e... Nada. Não sai, não adianta.
Mas eu quero. Quero conseguir novamente e conseguirei. Sei que sim.
Porém, enquanto isso...

Esse é velho, de fevereiro do ano passado, mas não publiquei aqui, acho eu. E se não o fiz, até sei o motivo: está uma merda. Mas se o que tem saído ultimamente e bem pior que isso, vamos com isso então.
Segure aí:

Maldita chuva

Ele saiu na varanda do apartamento e acendeu o último cigarro do maço. Era domingo, feriado, e não teria uma bosta de uma padaria por perto para que ele comprasse um novo maço. O pior, ainda era cedo, mal passava do meio dia, e ele teria que ficar o resto do domingo sem colocar um outro cigarro na boca.
Como pôde esquecer de comprar um maço na noite de ontem? Incrível! Como pôde? "Ah, sim" - lembrou. Ele não sabia que o maço estava no fim. Foi para a festa da Fernanda, naquele barzinho bacana, e seu maço acabou virando comunitário, a tal ponto que, quando quis fumar, teve que pedir um cigarro para o André, com quem estava seu maço. Mas, na hora, “foda-se”, pensou ele. Afinal estava com a galera, bebendo, se divertindo e, para melhorar, estava beijando a Ágata, com promessas de um pernoite acompanhado.
Bom, o pernoite não rolou. Ágata, putinha fresca da porra, caiu fora na última hora. “Amanhã tem feira perto de casa e tenho que acordar cedo para acompanhar minha mãe. Ela não agüenta mais fazer a feira sozinha. Desculpe”, foi a desculpa dela. E para piorar, agora isso: sem cigarros: “Que merda!”.
Foi exatamente nesse cenário que um raio qualquer caiu em algum poste sem que ele soubesse. E, mesmo com ele não sabendo, foi exatamente esse maldito raio que o deixou completamente sem luz, sem radio, sem televisão, sem computador, sem micro-ondas. Então decidiu sair, pegar o carro e ver no que dava. Pelo menos uma companhia ele teria, através do rádio.
Parou num posto, comprou cinco maços de cigarro e três cervejas geladinhas. Sentou no carro, dentro do posto, mesmo. Acendeu um cigarro e fumou como se fosse um orgasmo. O segundo cigarro, aceso na seqüência, foi acompanhado pela primeira latinha de cerveja. Foi então que o rádio começou a tocar um velho som do Iggy Pop, que o fez lembrar a adolescência, época em que namorava a mulher mais linda da turma, por quem até hoje sente certa paixão.
“Não é fácil chegar aos quarenta”, lembrou, “mas aos cinqüenta, puta merda, que foda!”.
Quando acordou, já era noite, a chuva já tinha passado e o banco do carro estava com um novo buraco de cigarro.
Voltou pra casa, com a esperança de que a luz já tivesse voltado.

2 comentários:

  1. Anônimo3/4/07 22:58

    Se isso é ruim, imagine o que é bom! :)

    E veja bem, eu sou sincera, o dia que estiver ruim eu falo mesmo!

    ResponderExcluir
  2. Ah, Vi, sei não.
    Quero dizer, agradeço demais, demais, mas sou muito “críca”.
    :O)

    ResponderExcluir