quarta-feira, março 30

AfroReggae

....Eu A esperei ali, entre o ponto de ônibus, o posto de gasolina, a banca de jornal, o shopping e o Canecão. Ansiava mais pela Sua chegada em si do que pela entrada ao evento-show do AfroReggae.
....A espera valeu.
....Ela veio vestida de beleza, com uma maquiagem de esplendor e um sorriso de divindade.

....- Humm, que vontade de ir ao banheiro
....- Vamos ao shopping então
....- Mas e o show?
....- Ah, temos tempo.
....Ela não sabe, mas para Ela, eu tenho todo o tempo do mundo.

....- Quer comer algo?
....- Mas vai dar tempo?
....- Claro! O show vai demorar ainda.
....- Então tá.
....O Homus virou Hamu. O charuto de folha de uva virou recheado de uva. E o kafka veio frito. Ainda assim, do jeito que gostamos de comida árabe, estava bom. Bom o suficiente para sairmos de lá com a barriga cheia.
....De lá, diretamente para o Canecão.

....Os portões estavam abertos. Na troca dos convites pelo ingresso, a tensão:
....- O Sr. está acompanhado?
....- Sim. Por ela.
....- Em nome de quem está o convite?
...."Em nome de quem está o convite?" Como asim? Não sei. Eu ganhei o convite da Roballo, que ganhou do pai dela e eu nem sei o nome do pai dela. Meu Deus! Será que não poderemos entrar? Pense Léo. Pense.
....- Léo Beck
....- De qual empresa?
...."De qual empresa?" Ah, fudeu.
....- Da Claro.
....- Um momento........ Não tem ninguém da Claro aqui. Fulana, tem algum convite da Claro aí?
....- Não. Aqui não.
....- Tem sim. Olha aqui. Sr., um momento. Qual o nome mesmo?
....- Léo Beck.
....- São dois ingressos, né?
....- Isso.
....Ufa! Por pouco...
....A revista que os seguranças fizeram foi ridícula. Lá fomos nós adentrar ao Canecão. Eu, acompanhado por Ela, não precisava de muito mais. Só que o muito mais veio.

....O Canecão estava disposto com mesas. Uma funcionária nos levou até a nossa, próximo ao centro da pista. O show na verdade era uma premiação (nos mesmo moldes do Oscar, VMB - claro, salvo suas proporções) oferecida pelo pessoal do Afro Reggae para aqueles que mais contribuem para a comunidade carente.
....Entre os premiados? B-Negão, Nação Zumbi e Gilberto Gil.
....Foi nesse momento que pensei: "se isso é uma premiação e estou sentado numa mesa bacana, num lugar bacana, logo, logo, ao nosso lado, os artistas deverão aparecer.
....Entre uma Boehmia e outra Smirnoff Ice, chega Gil, o Gilberto, não a Preta. A poucos metros da gente. Foi o suficiente para deixá-La em estado de êxtase. Alucinada, avistou MV Bill vindo em nossa direção, nos olhando e nos cumprimentando, como se fossemos grandes conhecidos.

....AFRO LATA
....De repente, um grupo de 8 garotos devidamente uniformizados sobem ao palco. Latas e galões de plásicos são seus instrumentos. O show é de batucada. HIPNÓTICO. Eu podia muito bem levantar e ir embora sem nenhuma frustação. Aquilo já havia bastado. Ginga, simpatia, técnica. A molecada mandou muito bem!

....Então, começou a entrega dos prêmios. A tônica foi a emoção, que dava a todos os discursantes a impresão de estarem completamente bêbados (se bem que a irmã do Garotinho (?) estava de verdade).
....E entre um prêmio e outro, mais shows:

....AKONI
....Um grupo similar ao Afro Lara, porém... só de garotAs! Entre as garotas, uma menininha com, no máximo 8 anos. Tocaram muito bem. Quase tão bem quanto o Afro Lata.

....MILITARES MINEIROS CUJOS CURSOS PARA POLICIAL VEIO DE UM PROJETO DO AFROREGGAE
....Entraram tímidos. E tímidos eles tocaram. Sem ginca, com pouca cordenação. Estavam claramente nervosos e numa "fria". De repente...
....Um gordinho e um colega dele sairam lá de trás, juntos com uma outra polícial, deixaram seus instrumentos no chão e, aí sim, o show começou. GENIAL! Os 3 dançavam alucinadamente no palco, com sensualidade tal... era a coisa mais engraçada do mundo. Eles chegaram ao ponto de subirem nos tambores para um meio strip-tease (só tiraram suas camisas para exibir a camiseta do Afro Reggae). O Canecão quase veio abaixo. Hilário!!

....Então, finalmente, o show de encerramento mais esperado da noite:
....AFRO REGGAE
....Um reggae de primeira, com participação do Liminha.
....Tocaram uma música deles. Boa!
....Depois, outra. Boa!
....Então, começou: as cortinas atrás deles se levantam e surge a Orquestra Sinfônica Brasileira.
....Tocaram juntos, tocaram cover do Gil, tocaram com o Gil....
....A ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA ainda tocou Trem Caipira, do Heitor Villa Lobos

....A noite foi excelente. Ótima.
....E para fechar a noite...

"Eu só quero é ser feliz
andar tranquilamente na favela onde eu nasci
e poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar"
Era o DJ Malboro, o rei do Funk...

....Nós?
....Bom, levantamos e viemos pra casa. Fazer o que?



sexta-feira, março 25

Ah, São Paulo!

....Nada como uma sexta-feira de feriado para ter essa cidade só para mim (e para minha irmã), a andar por aí, vendo, ao meu redor, o concreto mais bonito do mundo.
....Os passeios foram todos por uma determinada necessidade. Todos acompanhados, como já dito, pela minha irmã. Mas, curiosamente, foi um verdadeiro passeio turístico pela minha amada cidade, vejam:


- Ginásio Poliesportivo do Ibirapuera, para comprar os ingressos para o jogo do SPFC de amahã. Fazia tanto tempo que não ia àquele ginásio. Em pensar que eu já joguei vôlei nele...

- Espaço Maria Antonia, para ver a Exposição Nacente, onde estão expostos os trabalho de Aline OS, minha cunhada e cujo trabalho sou fã declarado. Para quem não sabe, foi em ’68, no Maria Antonia - que na época era o prédio da faculdade de filosofia da USP - onde houve um dos maiores (senão o maior) confronto de estudantes desse país. O pessoal do Mackenzie, bando de mauricinhos filhos da puta, estavam “caçando comunistas” e foi pra cima dos estudantes da USP, que se esconderam no prédio citado.

- Galeria 24 de Maio (ou Grandes Galerias) para comprar dois CDs, mas ela estava fechada.

- Mercado Municipal de S. Paulo, encontrá-La, que foi até lá com a Aline comprar bacalhau e comer sanduíche de mortadela.

....Virei turista, mesmo que sem perceber, em minha própria cidade.



A volta

"É só saudade, mas dói tanto quanto amor
É só teu rosto que aparece no televisor
De dias frios se faz a tristeza do mundo e aqui
De meus olhos posso ver o mar
É só saudade, mas dói tanto quanto te olhar
Dói como fome, como falta do que respirar
De tão perto te fiz longe de mim
Mudo os canais a me procurar"

....Taí, acho que nada melhor para re-inaugurar esse blog....
....Os versos acima são de Mauro Motoqui e foram extraídos do CD "O Exercício das Pequenas Coisas", do Ludov.
....Estou em Sampa! (mas é só de passagem)