Argeu, 25 anos de idade, mora na Baixada Fluminense, na cidade de Belford Roxo.
Todo dia ele acorda cedo e, após uma hora e meia de viagem, feita em dois ônibus lotados, onde deixa um total de R$3,10, ele finalmente chega no local de trabalho, em Nova Iguaçu.
O trabalho, de tanto que lhe exige esforço físico, é dividido pela manhã e pela tarde. Porém, trabalhador, além do trabalho diário pela manhã e pela tarde, alguns dias da semana ele tem dormir no trabalho, pois na noite seguinte seu cargo lhe exigirá uma responsabilidade grande, muita concentração e muito esforço físico. Mesma responsabilidade, mesma concentração e mesmo esforço físico que deverá demonstrar, vez aqui, vez ali, numa bela tarde de domingo, após mais uma bela noite longe de casa, no trabalho.
Tanto trabalho e tanta dedicação trouxeram como recompensa um grande reconhecimento do chefe direto, que confia nele plenamente, dando-lhe uma responsabilidade extra de tomar conta de todo um setor de onde trabalha.
Próximo domingo, Argeu trabalha. Porém, diferente da maioria dos trabalhadores cujo profissão lhe toma o domingo, Argeu não vê a hora de domingo chegar, pois será o domingo mais importante de sua vida, domingo que poderá lhe trazer um belo presente, uma bela recompensa pelo trabalho, pela dedicação. Nesse domingo, ele trabalhará em um lugar mágico, único, mítico.
Argeu trabalha com as bolas nos pés. Seu empregador, o América Football Club, disputa o campeonato carioca de futebol. E domingo, Argeu, titular do time, volante aguerrido, ao lado de seus companheiros de trabalho, defenderá seu empregador, o América, na final da Taça Guanabara, em pleno Maracanã.
Domingo, assim que o jogo acabar, Argeu, em algum momento, se encontrará sozinho, no ponto de ônibus, aguardando a volta pra casa. Só o destino sabe se, no ponto, Argeu estará decepcionado ou se estará incrédulo, explodindo de alegria e levando pra casa a medalha de campeão da Taça Guanabara.
Boa sorte, Argeu.
Obs.: História não-fictícia. Todo seu conteúdo é incrivelmente verídico.
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