sexta-feira, agosto 26

Dor incômoda

Sinto terríveis dores em minhas partes baixas. Sempre senti.
Na verdade, nem sempre.
Tudo começou em minha adolescência, por volta de meus 14, 15 anos.
Lembro bem a primeira vez que a dor agulhou meu, digamos, "moral". Estava numa aula de matemática, tentando aprender não lembro o quê, quando a professora me chamou ao quadro negro (que agora, saibam, está ficando branco) para responder uma equação que até hoje não sei fazer. Quando levantei da cadeira, bem, lembra daquela cobrança de falta do Branco na Copa do Mundo de Futebol de '94, num jogo contra a Holanda, em que o Romário mal teve tempo de tirar a bunda? Pois quando eu levantei da cadeira, eu senti exatamente aquela bola atingir meus, digamos, "sonhos dourados de ser pai". De então, a dor nunca mais me abandonou.
Sentia horríveis, terríveis dores em minhas partes baixas. Consultei médicos vários, especialistas na questão, e nunca que a dor aliviava. Quer dizer, não era, assim, uma dor dessas que doem sempre, constantemente. Mesmo porque essas dores que doem sem parar são, geralmente, absorvidas pelo cérebro ou nos deixam louco. Eu não fiquei louco, pelo menos o acho assim.
Lembro que troquei todas minhas roupas íntimas e todas as minhas calças, shorts e bermudas, para números maiores, mais largos, dando ao meu "âmago", digamos assim, mais espaço para viver.
A dor não passou. Não adiantou. Muito pelo contrário, ela ganhou a companhia de um constrangimento tal que quase passei a vida virgem.
Acontece que, com a adolescência, atiram-nos uma enxurrada de hormônios que tiram o fôlego. Espinhas são nada. O grande problema da humanidade adolescente é o volume incontrolável de ereções inadequadas e sem motivo para tal. Eu, com 15 anos, morrendo de dor no "guardador de batatas", não teria motivo para ter as tais ereções, devido a dor, claro. Mas imagine você que minha escola sempre fazia desfiles comemorativos em 7 de setembro. E a Carlinha - santo Deus!, sinto um, digamos, formigamento só de lembrar - aquele espetáculo em forma de garota, era a madrinha da bateria. Era uma saiazinha tal que suas cochas faziam erguer meu "ânimo". Então, em um belo 7 de setembro qualquer, de sol, eu lá com aquele uniforme ridículo, calças brancas, batendo continência, parado de frente para o público, vejo pelo canto de olho a Carlinha chegar, rebolando as saias e endurecendo suas cochas. Só percebi o real problema da situação quando os comentários indignados de mães e avós começaram a atingir meus ouvidos. Era "que horror" pra cá, "tirem esse menino daí" pra lá, "tarado" acolá e por aí foi. E eu sem um bolso para enfiar a mão.
Naquele momento, pensei, nunca mais terei uma ereção na vida e morrerei virgem

Graças a Deus eu estava completamente enganado.
Tiveram outros momentos vexatórios, claro. Mas tiveram também tantos, e muito mais numerosos, momentos prazerosos dos quais não entrarei em detalhe.
Bem, acontece que descobri que essa maldita dor é da falta de uma cérebro mais privilegiado. Minha burrice meu dói o saco. É infalível. Sempre que precisei usar o cérebro com um pouco mais de intensidade, e não conseguia, lá vinha ela, a dor, apertando meu "suporte de amêndoas crescidas".
Agora que casei e já tive dois filhos, sei que não preciso mais. Minhas amêndoas me são agora completamente desnecessárias. E daí que minha voz poderá afinar? Nenhum argumento será mais forte do que me livrar dessa maldita dor de burrice.
É por isso, Doutor, que lhe peço: se minha burrice meu dói o saco, na impossibilidade de transplantar o cérebro, por favor, arranque meu saco fora.

Um comentário:

  1. HAHAHAHAHAHAHAHAHA Eu ri muito agora primo!
    Ainda bem que sou loira e não tenho perigo de tentar pensar!

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