....Sábado. Preguiça. Sol. Rio de Janeiro.
....Ela propõe fazermos algo. Eu topo. Mas, se fosse para ser honesto, eu ficava dormindo. Só que as opções são interessantes e incluem uma incursão pelo CCBB-RJ ou pela Biblioteca Nacional, duas coisas que me interessam muito, mas muito mesmo. Por isso eu topo. "Mas começaremos pelo Pão de Açúcar", ela disse. Com direito a uma inédita, pelo menos para mim, volta no bondinho (ou seria Bondinho?).
....Então, vamos. Pé pra fora de casa. E o Sol dá as caras. Sorte que o ônibus tem ar condicionado. Não há nada como um ônibus vazio, confortável e com aquele ar condicionado gelado-congelante (como no polo norte), que pingava água pra tudo quanto é lado.
....Mas temos que passar pelo purgatório para chegarmos no Paraiso, né? Pois é...
....Chegamos. Não no Paraiso e muito menos no bondinho, mas, mas no ponto onde deveríamos saltar do Polo norte diretamente no Sol. Era quase em frente ao Canecão e um pouco antes da UFRJ. Ou seja, vamos a pé até o bondinho (para quem não conhece, dá quase meia hora de caminhada). Íamos. E íamos. Reaquecendo o corpo, obstinados, caminhávamos em direção ao bondinho. Caminhávamos.
"TOM ZÉ na UFRJ as 15h00 - Grátis!".
....No meio do caminho, de surpresa e de presente, uma faixa. Era mais uma vez a gravadora Trama e seu projeto Trama Universitário - o mesmo projeto que há duas semana me presenteou com o show do Nação Zumbi em São Paulo....Por um instante eu senti uma faca me atravesar. Naquela paranóia, ou manía de perseguição, pensei que o show já tinha sido ou ía ser numa data impossível para nós. Essa sensação durou exatos um quilhentésimo de segundo.
....O show era ali, agora!
....Ai, ai.
....Olhamo-nos assustados, surpresos e exaltados com a novidade. Olhamos, sincronizadamente, nossos relógio. Era exatamente quatorze horas e cinquenta e cinco minutos. Parecia filme, com final feliz.
....Então Ela propõe:
....- Pão de Açucar ou Tom Zé?
....- Ah, o Pão de Açucar pode ficar pra amanhã, não?
....Ela sorriu. Era o sim.
....É simplesmente perfeito ter uma companheira-musa com idéias e gostos alinhados ao meu. É um sonho.
....Demos a volta no quarteirão e entramos no campus da universidade. Chegamos a frente do palco e o lugar estava razoavelmente vazio. A espera durou mais de meia hora.
....Quando ele entrou no palco, apresentando os integrantes da banda um a um, a mágia se fez. De repente, o lugar foi tomado por universitários estranhos. Sim, estranhos - desculpem, mas sinto que há uma necessidade estranha os estudantes de universidades públicas em quebrar a barreira do normal, o que não é nada, abslutamente nada ruim.
....Sobre o show, nem resta tanto a dizer.
....Nada como um baiano inteligente, convertido em paulista, fazendo show pra cariocas. Diferente de pessoas sem personalidade (lê-se Rita Lee), Tom Zé destilou, sem medo, seu sutil e inteligente veneno baiano-paulista sobre e contra os cariocas. A todo momento exaltando minha, nossa cidade, e mal-dizendo a deles. A todo momento insinuando que nós somos mais inteligentes que eles.
....A inteligência e o sublime era tal que o público, repleto de cariocas convíctos, vibravam a cada argumento dele, o que só fazia comprovar seu argumento.
....Nem vale a pena dizer sobre uma roda de ciranda que se abriu ao final do show, no meio da platéia em transe. Ou das pessoas se comprimentando com beijos na boca.
....Aqui só cabe enaltecer ainda mais Tom.
....Ou, para melhor ilustrar, nas palvras D'Ela:
....- Nossa! Eu até gostava dele, mas depois desse show virei fã!
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