Do balcão, eu a vi entrar. O que ela fazia num lugar como aquele? Seria uma ilusão causada pelo excesso de cerveja e de rabo de galo? Olhei a minha volta. Sim, eu estava no boteco do Alfonso, um boteco dos mais sujos e podres que há. Os mesmos poucos bêbados de sempre continuavam lá e todos pareciam olhar em direção a porta, o que me fazia crer que ou estavam tendo a mesma visão alucinógena que eu, ou ela realmente estava ali.
Quando sua boca se abriu e sua doce voz perguntou, com um sorriso, para o Alfonso se estava tudo bem e ele, do outro lado do balcão, garrafa de cerveja em mãos prestes a me servir, sorrisão largo, respondeu com um oi meu amor, eu senti minha jovem coronária querendo entregar os pontos.
Pela qüingentésima vez, medi-na à distância. Dessa vez, porém, com mais propriedade. Calculei altura, tirei sua roupa, apalpei sua carne dura e fresca. Chutei uns vinte anos. Imaginei-a em seu esforço diário na academia, suada, molhada, bochechas rubras. Senti sua língua macia e revigorante percorrendo-me a boca, o doce cheiro do ocre vaginal, sua voz em meu ouvido chamando-me para o abate. Pude senti-la quente. Senti-la minha.
Gozamos juntos, gritos que horrorizaram quatro quarterões.
De volta ao balcão, puxei um cigarro do bolso, acendi. De olhos fechados, traguei forte, traguei profundamente. Senti a nicotina e o tabaco entrar em cada veia de meu corpo.
- Beto. Beto! Essa é a Julinha, minha filha. Chegou ontem do interior.
cadê? não tem mais?!
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