Outro dia, deite-me na cama, completamente bêbado, e fiquei observando o ventilador de teto a girar (antes só o ventilador do que o quarto todo). Quando a Julinha entrou no quatro, viu-me de olhos arregalados, fixos para cima, perguntou desleixadamente:
- Tudo bem aí?
Respondi qualquer coisa que na minha cabeça deveria soar como um “tudo ótimo”, mas não sei ao certo o que saiu.
- Tá fazendo o quê? – com meio sorriso na boca e nas palavras.
- Nada, tô vendo o ventilador girar...
- Que ventilador?
- O de teto, oras bolas...
Então ela começou a rir, rir muito, e veio com um papinho de que não temos ventilador no teto, que eu estava completamente bêbado, para eu não vomitar na cama, que ela não sabia que álcool era alucinógeno. Foi falando e saindo do quarto. Nem tive tempo de retrucar que ela só podia estar louca, afinal, sempre tivemos um ventilador no teto do nosso quarto.
Voltou com uma garrafa de um frizante qualquer em mãos. Sem taças, bebia no gargalo.
- Julinha, meu amor, desde quando não temos ventilador no teto?
- Desde sempre.
- Você só pode estar louca...
Resmunguei, virei e dormi.
Dia seguinte, acordei tarde. Olhei para o teto, sem ventilador. Em seu lugar, uma luminária nova, bonita e que eu nunca tinha visto antes.
Sei não, mas a Julia as vezes me assusta.
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