quarta-feira, setembro 21

Apenas um diálogo qualquer

- Tá tudo bem?
- Mais ou menos. Você sabe.
- Aconteceu alguma coisa? O que foi?
- Nada... não sei.
- O que foi?
- Eu queria entender... o que aconteceu com você? O que aconteceu com a gente?
- Como assim? Não aconteceu nada comigo!
- Mas e com a gente?
- Não sei. Aconteceu alguma coisa?
- Claro que sim. Você não percebe?! Você mudou. Eu mudei.
- Não! Eu não mudei. Você que mudou.
- Eu mudei. Mudei mesmo. É verdade. Todos mudam. Todos mudamos. Você também mudou.
- Não. Não mudei.
- Então cadê aquele cara apaixonante, apaixonado, alegre?
- Aqui, ó. Na sua frente.
- Não, não está.
- Ah, larga a mão. Claro que está. Estou aqui.
- Não. Se está, você o escondeu muito bem, dentro de você.
- É você que não consegue mais enxergá-lo.
- É. Com certeza. Não consigo mesmo. Por isso digo que mudamos. O Pedro pelo qual eu me apaixonei não existe mais. E a Cíntia pela qual você se apaixonou também não existe mais.
- Vem cá, o que foi? Você não está bem, né? Não está legal. O que você está querendo? Onde quer chegar? Claro que você ainda existe. Você ainda é a mesma. Eu ainda estou apaixonado por você!
- Não, não está. É que a gente tem tido tão pouco tempo para a gente que você não consegue ver que mudei. A Cíntia pela qual você se apaixonou via em você uma sujeito maduro, apaixonado, apaixonante, alegre. Eu não vejo mais isso em você porque você mudou. E se eu não vejo mais isso em você é porque eu mudei. Se eu não vejo mais isso em você, eu não sou a pessoa pela qual você se apaixonou.
- Mas eu não me apaixonei por você porque você via em mim um sujeito apaixonante. Eu me apaixonei por você porque eu via, ou melhor, vejo, uma mulher incrível.
- Mas essa mulher só era incrível porque via em você um sujeito que hoje não mais existe. Eu não sou mais aquela mulher. Enxergue isso.
- Para quê? Para que você quer que eu enxergue isso? O que você está querendo?
- Não. Só quero que você perceba que não temos mais porque estarmos juntos. Você tem que entender que a gente não é mais a gente e que não temos mais sentido juntos.
- É isso, então? Você quer mesmo terminar tudo. Assim. Sem mais motivos.
- Não, Pedro, não é sem mais motivos. É justamente por não existir mais motivo algum.
- Vou fazer o seguinte. Eu tô vendo que você não está bem, não está legal. Então vamos cada um pra sua casa. Vamos pensar melhor sobre o assunto, pode ser?
- Não vai adiantar...
- Peraí! Me dá essa chance! Porra, você tem que me dar esse direito pelo menos. Você precisa pensar melhor sobre isso.
- Tá. Pensarei. Mas você tem que pensar melhor sobre o que eu te falei. Você verá. Eu mudei, Pedro. Eu mudei.

4 comentários:

  1. pena que não é um diálogo qualquer

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  2. Aeee Léo, tudo bem?

    Acho q primo que é primo tem que participar! hehe

    Gosto da maneira que vc enxerga o universo feminino... é bastante peculiar!

    Beijos da Beck de Campinas

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  3. Por quê temos que ser todos tão complicados? Esse seu "diálogo qualquer" me deu idéia pra um outro diálogo qualquer, igualmente real, igualmente complicado. Vou tentar colocar em prática. Bjs

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  4. HAHAHAHA
    Mulher é assim né? Transforma um nada no tudo...

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