quinta-feira, junho 16

Chato. Muito chato, mas...

Eu sempre tive imensa curiosidade de ler "Quando Nietzsche chorou", de Irvin D. Yalom. Por quê?
Porque o livro trata de um improvável encontro de Nietzsche com Josef Breuer, um dos pais da psicanálise.
Bom, sou fã de filosofia. Sou apaixonado por existencialismo. Sou fã do Nietzsche.
Sou fã de psicologia. Curto muito psicanálise. Admiro muito Josef Breuer.
Então, após ler uma série de críticas sobre o livro, a curiosidade virou necessidade.

Não lembro se comprei ou se ganhei, honestamente. Se ganhei, e acho que ganhei da minha irmã, desculpe. Mas eu estava lendo "Os Irmãos Karamázov", do grand master Dostoiévski. Então, deixei "Quando Nietzsche Chorou" de lado.

Até que um infortúnio...

Peguei, num dia chuvoso, um táxi cujo assoalho tava mais encharcado que o asfalto e a porta não vedava nada.
Tomei chuva, claro.
Minha mochila também.
E, dentro da mochila, estava meu livro, "Os Irmãos Karamázov".
Era uma vez o livro.

Eu sempre cuidei muito bem dos meus livros e ver "Os Irmãos Karamázov" naquele estado, me deixava em depressão. Então o deixei de lado.

Parti então, finalmente, para "Quando Nietzsche Chorou". E vamos que vamos.

Honestamente, me decepcionei. Eu esperava, ansiava pelo encontro deles. Mas nada. As primeiras páginas são mornas demais. Quase nenhuma discussão filosófica. Cansei do livro e meu ritmo de leitura estava baixíssimo.

Então ganhei, d'Ela, uma nova edição de "Os Irmãos Karamázov". Vibrei!!!!
Mas essa semana, abri a mochila e nela estava "Quando Nietzsche chorou". Sem solução (sem dúvidas que isso foi um truque do meu cérebro, né Sig?), pus-me a lê-lo novamente. Vai lendo, vai lendo, vai lendo.
Dia seguinte, tinha esquecido novamente de trocar de livro (olha meu cérebro aí de novo!).
Então ontem a noite eu finalmente cheguei ao tão esperado encontro entre Nietzsche e Breuer. A conversa finalmente começou.

Hoje não troquei de livro propositalmente. E finalmente chequei ao néctar dele. Começou a discussão entre os dois. Começou meu deleite.
Agora não troco de livro. Vou até o fim.

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O legal num livro é a conversa entre dois personagens, quando essa é bem estruturada filosoficamente. Acho brilhante autores que fazem isso com personagens imaginários, um baseado em seus pensamentos, e outro no seu contraponto, para justificar sua linha de raciocínio.
Quando os personagens são vários, então, acho genial, divino. Dostoiévski faz isso perfeitamente. Jean-Paul Sartre também é muito bom nisso.

O livro de Irvin D. Yalom ("Quando Nietzsche chorou") parece querer seguir esse ritmo. O que me interessa.
Porém, uma coisa é fazer isso com personagens imaginários e variados, como Dostoiévski e Sartre. Outra é o que Yalom faz: juntar as idéias de duas personalidades importantes e reuni-las como num diálogo. É também inteligentíssimo, sem dúvidas. Fruto, certamente, de um árduo estudo campal, o que eu admiro pois não tenho saco para fazer. Porém, dessa forma ele não só nem resvala na genialidade de Dostoiévski e de Sartre, como ainda as reforça.

Mas pelo menos agora estou gostando do livro.

2 comentários:

  1. Não li "Quando Nietzche chorou" mas outro dia vi o livro mais recente do Dr. Irvin e fiquei tentada a comprar: "A Cura de Schopenhauer". No livro, um psiquiatra descobre ter um câncer maligno e passa a repensar a vida e se o seu trabalho é mesmo útil para as pessoas. Depois da tua crítica acho que vou até tentar. Eu gosto de livros que não me conquistam logo de cara.

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  2. Eu tb gosto de livros que não conquistam logo de cara. O problema é quanto eles decepcionam muito.

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