Faz um tempo já, li na revista Vida Simples, a qual orgulhosamente sou assinante, uma matéria de cunho psico-analítico - assunto pelo qual sou eternamente apaixonado - que me fez parar e pensar: "Opa!".
A coisa era tão óbvia, que me deu raiva, até, eu nunca ter chegado a essa conclusão.
A materia dizia que carregamos, por toda a vida, uma boa carga da personalidade de nossos pais, em nós mesmos. A matéria exemplifica. É bem calcada e inegável.
Desde então, comecei a reparar mais em mim, e vi em mim muito mais do Claudio e da Neusa, do que do Miguel, do Rudy, da Andrea, da Alessandra, do Rubinho, do Peter, do Borys, do Christian e do Antônio Luciano juntos (isso só para ficar na adolescência). Coisas banais, idiótas, mas que definem minha personalidade de forma clara e bem delineada.
Coisas como o gosto pela música, por exemplo.
Coisas como o gosto por certos tipos de comida.
Mas existem coisas que eu estou descobrindo ainda (a passos paulatinos, enquanto a analista ainda não é gratuita). Coisas bobas, pequenas, mas interessantes.
Perto da casa onde cresci - em S. Paulo, portanto - sempre existiu um Mercadinho do qual minha família sempre foi cliente assídua. Aos poucos, na medida em que fui me desenvolvendo e criando uma mente racional, por assim dizer, foi me despertando a curiosidade sobre como meus pais entravam naquele Mercadinho e conversavam com todos os funcionários de lá pelo nome. Sempre fui lá com eles e nunca guardei o nome de ninguém. Nem nunca ninguém guardou o meu.
Confesso que isso me deixava um pouco encafifado, com a pulga atrás da orelha e uma leve e suave vontade de também participar dessa roda. Nunca foi algo que me incomodou ou que mudou minha vida para pior ou para melhor, mas sempre foi algo.
Pois nesse final de semana me veio um estalo. Entrei no mercadinho ao lado de casa:
- Bom dia.
- Bom dia, Léo.
- Bom dia, Mariana.
- Tudo bem? Cade Ela?
- Tá lá em casa, preparando o café.
- Mande um beijo pra ela.
- Pode deixar.
domingo, maio 1
"Como nossos pais"
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