....Presa a uma árvore desde seu primeiro momento de vida, a fruta um dia deve amadurecer.
....O que nos parece um processo natural, é, na verdade, algo dolorido, penoso e muito difícil para a fruta. Afinal, seu amadurecimento passa por fases complexas e, as vezes, indesejadas.
....Em um primeiro momento, ela, que nasceu como uma linda e perfumada flor, deve deixar suas pétalas caírem para se transformar numa saborosa e suculenta fruta. A mudança estética é também a mudança completa e radical da forma como os outros a vêem. Ela, a fruta, poderá levar um longo período até que aceite sua nova forma, mas quase sempre, viverá o resto de seus dias desejando voltar a ser uma flor.
....Passada essa primeira fase, e muitas vezes ainda não refeita da mudança, começa a fase da libertação. A fruta, quando realmente madura, deve sair de onde sempre esteve e ir para um lugar novo e desconhecido, cujo futuro não lhe é revelado. E aí, o que já parecia complicado, toma rumos ainda mais tortuosos. São muitas opções, porém nem todas seguras e agradáveis.
....É claro que vendo dessa forma, todos torcemos, principalmente a fruta, que sua queda seja amparada por alguém que fique embaixo da árvore a lhe segurar em macias mãos ou então que alguém simplesmente a tire da árvore, de forma macia, segura e gostosa, bem amparada.
....Mas e se ninguém ou nada lhe tirar da árvore de forma macia ou lhe segurar, amparando a queda? E se a árvore na qual ela se pendura fica sobre o cimento ou o asfalto? Então, ao amadurecer, a fruta cairá do alto de sua árvore para se esborrachar e estatelar no chão. Mas ela ainda pode estar a beira de um abismo e a queda da fruta pode então levar longos segundos até o total esmagamento, deixando o cenário mais doloroso e sofrido
....Claro, ela pode ter a sorte de estar sobre um campo macio, ter uma queda suave, ainda que ninguém a tome pelas mãos. Mas e se a terra embaixo for batida e seca?
....São tantas opções e tamanha complexidade que é inevitável o medo, a insegurança. Quem sabe até a depressão, a reclusão.
....O que podemos fazer? O que nos resta? Qual seria nossa obrigação?
....Nada. Nenhuma.
....Tudo é uma questão de escolha.
....Eu escolhi parar sob a árvore que tem a fruta mais bonita, doce e suculenta que alguém jamais pôde imaginar existir. A única fruta entre todos que ainda guarda sua porção flor: bela e cheirosa. Não uma simples fruta, e sim uma Fruta. Agora, Ela, a Fruta, está cada vez mais madura e Seu desprendimento da árvore é inevitável.
....Mas e Sua queda? É inevitável também?
....Não necessariamente. Estou me encaminhando o mais rápido que posso para debaixo da árvore. Ainda não cheguei lá, porém a Fruta já sabe que planejo segurá-La. Só que a verdade é que não quero apenas segurá-La. Quero subir na árvore para, com carinho, retirar Seu caule da árvore e trazer a Fruta para junto de mim. Quero descer da árvore com a Fruta em minhas mãos e em segurança. Quero que essa Fruta seja minha e de mais ninguém.
....Mas quero, acima de tudo, que a Fruta saiba que em mim ela pode achar a segurança que procura.
Fala meu!!
ResponderExcluirentão... sem querer cortar teu barato, só vou lhe dar um alerta: cuidado pra não levar um tiro de sal na bunda, do dono do pomar...hehehehehehehehe
brincadeiras à parte: o texto está fantástico como sempre, apesar de eu ter discordado com algumas das premissas apresentadas. mas entendi (e curti) no geral, o q vc está pensando.
um abraço!!!
ahhh... esqueci de assinar
ResponderExcluirSeu Cunhas!!
Sou euy de novo.... Seu Cunhas!!!
ResponderExcluirtenho q dizer q acano de ler "Antítese"... emocionante!! Sério mesmo, cara!!! Estou emocionado com aquilo!!! o poeminha é bão tb e talvez eu até faça um post com ele por lá.... mas "Antítese" é du karai!!