....Ela não veio mais.
....Faz um mês.
....Quando o furacão passou levantando pó, poeira, panos, móveis, telhados e arrancando árvores e casas, ela se foi para o não.
....Vendaval longo, duradouro, sem pausa. A poeira continua no ar, ao lado de panos, levando-na para longe, cada vez mais longe.
A vontade dela aperta cada vez mais. E a necessidade de fugir disso tudo, correr atrás, aumenta em paralelo.
....Então, por um milagre da vida, o vento acalmou e os panos voltaram ao chão. A natureza olhou para seu filho angustiado e resolveu dar uma pequena trégua. Eis meus pés no chão, protegido pelos panos que acabaram de descer. Assim pude procurar por ela com mais calma. Pude procurar por ela.
....De longe, vejo um vulto passar por mim, à esquerda e por trás. A imagem ainda não está completamente nítida e nem posso afirmar se é ela que ali está realmente ou não. Mas já a sinto. Já a imagino correndo feliz, livre, deslizando pelos campos, pelas fendas, pelas brechas. Sinto-na escorrendo por toda a superfície. Pode não ser ela, de verdade, mas a sensação é muito próxima.
....Se for ela, bem vinda novamente àquele que tanto sentiu sua falta.
....Se não, ao menos elevou um pouco meu espírito para perto dela.